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Calheiros é terra fecunda e de famílias numerosas

09-07-2021
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Olívia Amorim, de 52 anos, mãe de dois filhos, tem três netos e o quarto vem a caminho. Guilherme, o mais velho, tem sete anos, a seguir nasceu Letícia, agora com seis, e depois a Leonor, que tem 20 meses.

A menina que nascerá o mais tardar no início de outubro vai chamar-se Vitória. "Não sei se ficaremos pelos quatro, mas enquanto puder tomar conta deles, tudo bem. Estou muito feliz com os meus netos", diz Olívia ao JN, subindo uma rua em Calheiros (Ponte de Lima). Esta avó é o retrato da natalidade daquela freguesia rural, cujo pároco, Jorge Ramos, gosta de enaltecer, onde quer que vá, pela fecundidade. Dirige a paróquia há 17 anos e afirma que não tem mãos a medir para batismos.

Nos quatro anos anteriores à pandemia, celebrou setenta. Este ano está a tentar recuperar os adiados em 2020. "Estou cheio de marcações. Há muitos bebés para batizar. Em julho, agosto, setembro e outubro, estou cheio de batismos marcados: sábados, domingos e até à sexta-feira tenho", afirma o sacerdote, também ele filho de um casamento fecundo em Barcelos, que gerou os seus 15 irmãos (só um não está vivo).

O padre Jorge Ramos mostra-se adepto das famílias numerosas e incentiva os seus paroquianos a procriar, gerando, no mínimo, três filhos. "[A avó Olívia] não deve ficar pelos quatro netos, porque um dos filhos já me disse que queria ter, pelo menos, mais um", avisa. "Pelas minhas contas, entre os que nasceram e as mulheres que estão grávidas, devemos chegar ao final deste ano aí com 15 ou 16 crianças". "A freguesia é grande e dispersa, mas de cabeça contei oito grávidas neste momento. Calheiros é uma paróquia atípica nessa questão", sublinha.

REGISTOS FORA DA FREGUESIA

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, foram registadas um total de 43 crianças nascidas em Calheiros entre 2015 e 2020. O pároco explica a discrepância com o facto de "haver crianças que ficam registadas em Monserrate e Santa Maria Maior ", freguesias urbanas de Viana, onde está o hospital. No mesmo período, nasceram um total de 1718 no concelho de Ponte de Lima.

Marlene Valente, de 29 anos, tem uma filha, Iara Luísa, com sete anos, e espera outra, a quem dará o mesmo nome da próxima neta de Olívia. "Vou ter uma Vitória. Íris Vitória, porque é uma bênção. Está previsto que nasça no 24 de julho, mas vamos ver. A lua nova é a 10, faço anos no dia 11, pode ser que nasça antes. Calhava bem", conta a futura mãe. "Neste momento, conheço três grávidas, mas sei que existem mais. Há muitas crianças. Todas as terras deviam ser como Calheiros".

O número elevado de nascimentos reflete-se nas atividades religiosas da freguesia com 991 habitantes. "Só para se ter uma ideia, na catequese temos 130 crianças. Acólitos cerca de 100. É uma paróquia bastante jovem. Quem vem aqui à missa fica abismado com a quantidade de jovens na igreja", resume o padre Jorge.

Ana Peixoto Fernandes