Experiências

O Trilho das Portelas é um percurso pedestre denominado de pequena rota, com uma extensão aproximada de 14,7 km, de dificuldade moderada e um desnível acumulado de 864 metros. As marcações e sinalizações obedecem às normas nacionais e internacionais. Iniciamos o percurso num santuário de montanha rococó datado do século XVIII, o Santuário do Nosso Senhor do Socorro, em Labruja. Neste santuário podemos destacar a fachada e a imponente escadaria em pedra, ladeada por figuras bíblicas e anjos, que realçam o carácter teatral de todo o conjunto. 

A grande romaria do Nosso Senhor do Socorro decorre no 1º domingo de julho, juntando romeiros de vários pontos do Alto Minho. Seguimos o percurso e, rapidamente, alcançamos a Capela da Nossa Senhora da Guadalupe, uma construção rústica, rodeada por um denso arvoredo de mimosas. Esta capela foi construída no ano de 1677 pelo Reverendo Padre Francisco Araújo. Retomando o trilho, vamos seguindo as marcas que nos vão orientando pelo caminho certo.

 A melodia das águas vindas do cimo da montanha assinala a proximidade do rio Labruja, também conhecido pelo rio Mestre. Por breves instantes acompanhamos este límpido e cristalino rio, atravessando uma pequena ponte de onde se avistam os “Moinhos da Várzea”. Aqui viajamos no tempo, imaginando o trabalho de outrora, em que a força das águas dava vida aos engenhos, parte do árduo labor de moagem de cereais, mais especificamente o milho o “rei dos cereais” no Alto Minho. 

Ao alcançar o ribeiro de São João, a natureza brinda-nos com a sua beleza, proporcionando um momento único, com diversas quedas de água. Este momento refrescante é sem dúvida um dos pontos altos do percurso, antes de começar a subir para as Portelas. Não podemos deixar de referir a Igreja Matriz da Labruja, datada de 1893. Daqui podemos apreciar a freguesia, numa perspetiva central. Retomamos caminho para uma subida gradual para a Capela de Santa Cristina, protetora das depressões, a sua romaria realiza-se no dia 24 de julho. Neste dia, a santa recebe os clamores dos seus devotos. 

A partir deste ponto, viramos à direita, caminhamos por 650 metros na N201. Estamos cada vez mais próximos das Portelas, a Portela Pequena e a Portela Grande. As portelas são “colos” de passagem, zonas mais seguras para atravessar as montanhas. Outrora a Portela Pequena, era uma passagem utilizada pelas legiões Romanas. Na Portela Grande ou o Alto da Portela alcançamos o ponto mais elevado deste percurso, daqui, podemos apreciar a beleza do Vale do Labruja. 

Ao descer entramos no Caminho de Santiago. Percorrendo agora uma pequena parte da mítica etapa da Labruja, vamos passar pela famosa Cruz dos Franceses ou Cruz dos Mortos, que assinala o sítio onde a população local emboscou os retardatários franceses do exército de Napoleão, na invasão de 1809. Ao chegar ao estradão viramos à esquerda para seguir em direção à Capela de São João da Grova, cuja festa se realiza no dia 24 de junho. 

Um lugar bucólico, que nos convida à reflexão e espiritualidade, imersos na natureza. Deixamos para trás este espaço e continuamos a descer, para rapidamente alcançar a ponte de Porto Pinheiro. Uma vez mais caminhamos envoltos por um cenário verdejante, cheio de vida, que nos proporciona momentos relaxantes. 

Pelo caminho, vamos observando, nas margens, diversas ruínas de moinhos. Aproveitamos para fazer um desvio, à Capela de Santa Ana, que possui um belo parque de merendas, para uma merecida pausa. Podemos contemplar a existência de restos de sarcófagos de um antigo mosteiro Beneditino, que outrora existiu nas imediações. O Santuário do Nosso Senhor do Socorro, onde teve início a nossa caminhada, está cada vez mais próximo, destacando-se na paisagem. Aqui chegamos ao final desta bela caminhada à descoberta do património, das tradições e paisagens Limianas.